São Paulo / Brasília — A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta terça-feira (18), Daniel Bueno Vorcaro, fundador e controlador do Banco Master, em uma operação batizada de “Compliance Zero”. A medida ocorre no mesmo dia em que o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição financeira.
O que motivou a investigação?
Segundo a PF, há indícios de emissão de títulos de crédito falsos por parte do Banco Master — ou seja, a instituição pode ter criado carteiras de crédito que não teriam lastro real.
Os crimes investigados incluem, entre outros, gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. A fraude investigada pela PF pode envolver R$ 12 bilhões, conforme declarado pelo diretor-geral da corporação.
Dinâmica da prisão
Vorcaro foi preso no Aeroporto de São Paulo/Guarulhos, onde supostamente se preparava para embarcar em um jatinho particular com destino ao exterior. A PF alegou que o empresário já estava sendo monitorado para evitar uma possível fuga.
A operação cumpriu sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal). Também foi preso Augusto Lima, ex-sócio de Vorcaro no Master, e o tesoureiro da instituição, Alberto Félix.
Reação do Banco Central
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. Com essa medida, o banco será retirado do Sistema Financeiro Nacional de forma organizada, enquanto suas dívidas e ativos são avaliados por um liquidante.
Também foram tornados indisponíveis os bens de controladores e ex-administradores do Master. Segundo o BC, a instituição apresentava “comprometimento da situação econômico-financeira” e “infringência às normas bancárias”.
Perfil de Vorcaro
Daniel Vorcaro, 42 anos, é empresário com histórico no mercado financeiro. Ele transformou o Banco Máxima (nome original) no Banco Master, apostando em um modelo agressivo de captação — oferecendo CDBs com retorno muito acima da média. O banco havia chamado a atenção por operações arriscadas e por levantar capital via investidores externos e plataformas de investimento.

Consequências imediatas
A liquidação do banco interrompe negociações recentes: no dia anterior à prisão, foi anunciado um acordo de compra do Master por um consórcio liderado pelo grupo Fictor, com aporte de R$ 3 bilhões.
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante depósitos e investimentos até determinado valor, pode ter papel central na resolução para credores. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “o processo do BC deve estar muito robusto” para justificar as medidas drásticas adotadas.
Opinião da RSC News
Para a RSC News, a prisão de Vorcaro e a liquidação do Master representam um sacode importante no sistema financeiro nacional. Alguns pontos merecem destaque:
1. Risco sistêmico — A emissão de títulos supostamente falsos e a criação de carteiras de crédito sem lastro sugerem problemas graves de governança. Se confirmados, isso não afeta só os investidores do Master, mas todo o mercado de crédito de varejo.
2. Desconfiança nos modelos de alto rendimento — Muitos bancos e plataformas oferecem produtos com retorno elevado, mas quando algo assim explode, fica claro que nem sempre o risco é transparente para todos os clientes.
3. Regulação sob pressão — O papel do Banco Central está em evidência: tomar uma decisão de liquidação extrajudicial é algo drástico, mas pode ser necessário para garantir a estabilidade. Essa intervenção deve ser bem explicada para ganhar legitimidade com o mercado e o público.
4. Lições para investidores — Esse caso reforça a importância de diversificar investimentos, de entender o que está por trás de produtos financeiros “muito bons para ser verdade” e de acompanhar notícias regulatórias com atenção.
Em resumo: é um momento de virada — e quem investe, dirige ou acompanha o sistema financeiro deve prestar muita atenção nas próximas movimentações.
